A complexa toxicologia dos medicamentos foi mais uma vez citada nas entre linhas nessa sexta feira, 04 de Março, quando o jornal O Estado de São Paulo divulgou o alerta feito pelo Centro
para Controle e Prevenção de Doeças (CDC), nos EUA sobre o consumo de analgésicos opióides, como codeína, oxicodona e hidrocodona pouco antes do incio da gravidez ou mesmo no seu periodo inicial. A matéria replica que esses medicamentos aumetam em duas vezes o risco de malformação congênita.
As principasi malformações são os problemas cardíacos, espinha bífica (formação incompleta da medula espinhal e das estruturas que protegem a medula), hidrocefalia (acumulo de liquido cefalorraquidiano no interior da cavidade craniana), glaucoma congênito e grastroesquise (situação na qual a parede abdominal apresenta uma abertura pela qual intestino e estômago podem sair).
Embora exista um risco maior de graves tipos de defeitos congênitos em razão da exposição à substância, “o risco absoluto para a mulher é relativamente modesto”, afirmou a epidemiologista Cheryl S. Broussard, do CDC, responsável pelo estudo dos medicamentos. As conclusões estão no Estudo Nacional sobre a Prevenção de Problemas Congênitos, o maior sobre o tema já realizado nos EUA, patrocinado pelo CDC. O trabalho analisou grávidas de dez Estados americanos e examinou somente o uso dos medicamentos de prescrição médica, e não seu uso ilícito.
No Brasil, esse tipo de medicamento faz parte dos medicamentos sujeitos a controle especial de acordo com a Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998 da ANVISA. A Portaria esta subdivida em listas nas quais referenciam uma gama de medicamentos, e a um controle especifico sobre cada uma delas.
De acordo com o ginecologista Eduardo Borges da Fonseca, presidente da Comissão de Medicina Fetal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), os opioides são medicamentos bastante usados, mas têm indicação bem restrita para as gestantes. “São drogas analgésicas bastante potentes, normalmente usadas em pacientes após cirurgias. Para a mulher grávida, são indicadas apenas em casos de dor extrema, como uma crise de pedra nos rins, por exemplo, onde os benefícios superam os riscos”, diz Fonseca.
O Ginecologista e professor da USP Marco Antônio Borges Lopes acredita que o maior probelma para as gestantes para os antiinflamatórios de venda livre, como nimesulida, cetoprofeno, diclofenado e indometacina, os quais são geralmente comprados sem receita e indicação médica, a conhecida automedicação. “O uso indiscriminado desses medicamentos durante a gestação pode causar problemas graves no coração do feto. A automedicação, nesses casos, é muito mais perigosa do que o uso dos opioides, que são contraindicados para grávidas” diz Marco Lopes. Eduardo Borges da Fonseca concorda com o colega e ainda comenta que esses antiinflamatórios podem causar defeitos cardíacos em qualquer fase da gestação, defeitos mais graves quanto maior o tempo de gravidez. Os opioides, ao contrário, apresentam risco aumentado no primeiro trimestre, quando os órgãos e tecidos do feto estão começando a se formar.
Os defeitos cardíacos congênitos são o problema mais comum das malformações de nascença e afetam anualmente cerca de 40 mil crianças nos Estados Unidos. No Brasil, estima-se que 28 mil crianças nasçam todos os anos com esse tipo de doença.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110304/not_imp687480,0.php. Acesso em: 04 mar. 2011.
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