Saiba mais sobre licença de produtos controlados pela PF

Empresas que fabricam, armazenam, comercializam, transportam, importam ou utilizam substâncias químicas precisam estar atentas a um ponto decisivo para a continuidade do negócio: o controle de produtos químicos exercido pela Polícia Federal.

O descumprimento das regras pode gerar multas elevadas, apreensão de produtos, suspensão de licenças e até paralisação das operações

Por isso, entender como regularizar produtos controlados, manter a licença SIPROQUIM 2 ativa e atender às exigências legais deixou de ser apenas uma obrigação burocrática e passou a ser um fator estratégico de gestão de riscos.

Neste guia completo e atualizado, você vai entender como funciona o controle de produtos químicos controlados PF, quais licenças são exigidas, como é feita a fiscalização hoje e o que sua empresa precisa fazer para permanecer em conformidade.

O que são produtos químicos controlados pela Polícia Federal?

Os produtos químicos controlados PF são substâncias que, devido ao seu potencial de uso indevido, são fiscalizadas rigorosamente pelo Estado. 

Muitos desses produtos podem ser empregados, direta ou indiretamente, na fabricação de drogas ilícitas, explosivos ou outros materiais de risco à segurança pública.

Por esse motivo, a legislação brasileira determina que toda a cadeia de uso desses produtos seja monitorada, desde a fabricação até o destino final.

A relação oficial dessas substâncias está prevista na legislação federal e organizada em listas, conforme o tipo e a finalidade do produto.

Quais atividades estão sujeitas ao controle da PF?

Qualquer empresa ou pessoa física que exerça atividades envolvendo produtos controlados precisa estar regularizada junto à Polícia Federal.

Entre as atividades fiscalizadas, estão:

  • Fabricação e produção;
  • Armazenamento e estocagem;
  • Compra, venda e comercialização;
  • Transporte e distribuição;
  • Importação, exportação e reexportação;
  • Doação, cessão, reaproveitamento e reciclagem;
  • Utilização em processos produtivos ou laboratoriais.

👉 Se sua empresa atua em qualquer uma dessas etapas, é fundamental verificar se os produtos utilizados estão sujeitos ao controle da PF e se a documentação está regular. A Intertox pode auxiliar nessa análise técnica.

Licenças exigidas para produtos químicos controlados PF

Para operar legalmente, a empresa precisa obter licenças específicas. Entender a diferença entre elas é essencial para como regularizar produtos controlados corretamente.

Certificado de Registro Cadastral (CRC)

O CRC comprova que a pessoa física ou jurídica está cadastrada na Polícia Federal com a intenção de exercer atividades com produtos químicos controlados.

  • É o primeiro passo do processo;
  • Possui validade indeterminada;
  • Deve ser atualizado sempre que houver alteração cadastral.

Certificado de Licença de Funcionamento (CLF)

O CLF autoriza a empresa a exercer atividades regulares com produtos químicos controlados.

  • Validade de 1 ano;
  • Exige renovação anual;
  • Está diretamente vinculado ao endereço, atividade e produtos declarados.

Autorização Especial (AE)

A AE é concedida para atividades eventuais ou não recorrentes.

  • Utilizada quando a atividade não faz parte do processo produtivo habitual;
  • Validade limitada (em geral, 120 dias);
  • Não pode ser prorrogada.

Autorização Prévia (AP)

Necessária para operações de importação, exportação ou reexportação de produtos controlados.

SIPROQUIM 2: como funciona a licença e o controle digital

Atualmente, todo o controle de produtos químicos controlados PF é realizado por meio do SIPROQUIM 2, sistema eletrônico da Polícia Federal.

O SIPROQUIM 2 centraliza:

  • Solicitação e renovação de licenças;
  • Cadastro de produtos e atividades;
  • Envio de mapas de movimentação mensal;
  • Comunicação oficial com a PF.

Integração com o Gov.br

O acesso ao SIPROQUIM 2 é feito exclusivamente pela plataforma Gov.br, o que trouxe mais segurança, rastreabilidade e controle sobre os dados.

Para utilizar o sistema, é necessário:

  • Conta Gov.br com nível adequado;
  • Certificado digital (e-CNPJ ou e-CPF);
  • Uso do Assinador PF para validação dos documentos.

Erros no cadastro ou na operação do SIPROQUIM 2 são uma das principais causas de indeferimento de licenças. Um acompanhamento técnico reduz riscos e retrabalho.

Checklists práticos para regularização

Checklist 1 – Identificação de produtos controlados

Antes de qualquer solicitação de licença, confirme:

  • O produto consta na lista de produtos controlados pela PF;
  • A concentração e a forma de uso se enquadram no controle;
  • A finalidade do produto está corretamente descrita;
  • Existe coerência entre produto, atividade e CNAE da empresa.

Checklist 2 – Documentação técnica obrigatória

Tenha sempre atualizados:

  • FDS – Ficha com Dados de Segurança, conforme NBR 14725;
  • Informações técnicas e composição do produto;
  • Registros de armazenamento e controle interno;
  • Procedimentos de segurança e rastreabilidade.

Checklist 3 – Obrigações mensais no SIPROQUIM 2

Todos os meses, a empresa deve:

  • Registrar corretamente as entradas e saídas;
  • Enviar o mapa de movimentação até o dia 15 do mês seguinte;
  • Conferir se não há inconsistências ou divergências;
  • Manter histórico organizado para auditorias e fiscalizações.

Fiscalização da PF: o que mudou nos últimos anos?

A fiscalização deixou de ser apenas presencial e passou a ser fortemente digital.

Hoje, a Polícia Federal atua com:

  • Cruzamento automático de dados do SIPROQUIM 2;
  • Integração com sistemas fiscais e aduaneiros;
  • Análise de padrões de consumo e movimentação;
  • Identificação de inconsistências sem aviso prévio.

Isso significa que erros pequenos e recorrentes podem gerar alertas automáticos e resultar em fiscalizações mais rigorosas.

Penalidades por irregularidades

O descumprimento das normas pode resultar em:

  • Advertência formal;
  • Apreensão de produtos;
  • Suspensão ou cancelamento do CLF;
  • Revogação da Autorização Especial;
  • Multas que podem ultrapassar valores expressivos.

As penalidades podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa, conforme a gravidade da infração.

Por que a gestão regulatória contínua é indispensável?

Manter a conformidade com a PF exige mais do que obter a licença inicial. É um processo contínuo que envolve:

  • Monitoramento de prazos de renovação;
  • Atualização constante da legislação;
  • Revisão técnica de documentos;
  • Suporte em fiscalizações e notificações;
  • Correção preventiva de falhas operacionais.

É exatamente nesse ponto que a Gestão Regulatória de Licenças da Intertox faz a diferença.

Gestão Regulatória de Licenças Intertox

A Intertox atua de forma estratégica no gerenciamento de licenças e obrigações regulatórias, auxiliando empresas em todas as etapas do processo de como regularizar produtos controlados.

O serviço inclui:

  • Acompanhamento de vencimentos e renovações;
  • Gestão completa da licença SIPROQUIM 2;
  • Análise técnica de FDS e documentação;
  • Monitoramento das atualizações legais;
  • Suporte junto à Polícia Federal e outros órgãos reguladores.

Se sua empresa trabalha com produtos químicos controlados PF e precisa reduzir riscos, evitar autuações e manter a operação regular, conheça as soluções da Intertox.

Fale com nossos especialistas e tenha segurança regulatória em cada etapa do seu processo.

Curso sobre FDS é obrigatório? Acidente com Tolueno em SC reforça a importância da capacitação e do conhecimento sobre produtos químicos

Em março de 2025, uma explosão envolvendo um caminhão carregado com tolueno em uma empresa de artefatos de borracha em Araquari (SC) reacendeu um alerta essencial para a indústria química e todos os setores que manipulam substâncias perigosas: conhecer os perigos do produto e suas propriedades é tão importante quanto ter a documentação em dia.

Para compreender as características das substâncias e misturas manipuladas diariamente, é indispensável uma capacitação específica, baseados nas normas técnicas vigentes. Dentre elas, a ABNT NBR 14725:2023 traz os critérios para a classificação, elaboração da Ficha com Dados de Segurança (FDS) e rotulagem de produtos químicos.

O acidente em Araquari: o que aconteceu?

O acidente ocorreu por volta das 13h30 do dia 6 de março de 2025, durante a conexão de uma mangueira para descarga da matéria-prima em um caminhão carregado com tolueno, na área externa da empresa localizada no bairro Volta Redonda, em Araquari (SC), próxima à BR-280.

A explosão deixou oito trabalhadores feridos — sete funcionários da empresa e o motorista do caminhão. Um deles, com idade entre 30 e 39 anos, sofreu queimaduras de 1º, 2º e 3º grau em cerca de 90% do corpo e foi encaminhado em estado grave para a UTI do Hospital São José, em Joinville. Os demais apresentaram sintomas de inalação de fumaça; três ficaram em observação até a madrugada seguinte e receberam alta, enquanto os outros continuaram em atendimento.

Segundo informações da Defesa Civil, o caminhão transportava tolueno, um solvente amplamente utilizado na fabricação de borrachas, polímeros e adesivos, conhecido por suas propriedades altamente inflamáveis. Apesar da empresa possuir documentação e licenças atualizadas, incluindo alvará do Corpo de Bombeiros, a vistoria realizada após o acidente apontou a necessidade de implantação de uma brigada interna de combate a incêndio e reforço nos procedimentos de segurança e capacitação.

O que é o Tolueno, sua classificação de acordo com o GHS e os Riscos envolvidos

De acordo com a norma ABNT NBR 14725:2023, que traz os critérios de classificação do GHS (Globally Harmonized System), internalizado no Brasil por meio da NR 26 “Sinalização de Segurança”, o tolueno (CAS: 108-88-3) apresenta uma série de perigos intrínsecos que precisam ser compreendidos por todos que a manipulam, transportam ou gerenciam.

Sua classificação GHS intrínseca consiste em:

 • Líquidos inflamáveis – Categoria 2

• Corrosão/irritação à pele – Categoria 2

• Toxicidade à reprodução – Categoria 2

• Toxicidade para órgãos-alvo específicos – Exposição única – Categoria 3 (efeitos narcóticos)

• Toxicidade para órgãos-alvo específicos – Exposição repetida – Categoria 2

• Perigo por aspiração – Categoria 1

• Perigoso ao ambiente aquático – Agudo – Categoria 2

• Perigoso ao ambiente aquático – Crônico – Categoria 3

Esses perigos não são apenas informações técnicas. Eles impactam diretamente nas medidas preventivas, nos procedimentos operacionais, no uso correto de EPIs, manuseio seguro, armazenamento, transporte, carga e descarga e na preparação das equipes para emergências.

Capacitação não é opcional, é obrigação legal e medida de segurança vital

Conforme disposto na própria NR 26:

 “26.5.2 Os trabalhadores devem receber treinamento:

a) para compreender a rotulagem preventiva e a ficha com dados de segurança do produto químico; e

b) sobre os perigos, os riscos, as medidas preventivas para o uso seguro e os procedimentos para atuação em situações de emergência com o produto químico.”

Assim, em análise ao ocorrido, embora a empresa envolvida possuísse documentação e licenças atualizadas, como confirmado pela Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, o acidente evidencia um ponto crítico:

Que mesmo empresas com documentação regular podem enfrentar riscos elevados se não houver preparo técnico e operacional adequado e que treinamentos específicos reduzem falhas humanas e aumentam a capacidade de resposta em emergências.

Algumas respostas para emergências podem ser encontradas na FDS, um documento obrigatório sempre que há manipulação de produtos químicos no ambiente de trabalho, sendo ele classificado como perigoso ou não, mas que os usos previstos ou recomendados ofereçam riscos à segurança e saúde do trabalhador. Contudo, tão importante quanto possuir a FDS é saber interpretar corretamente suas informações.

A FDS é obrigatória – mas saber interpretá-la é ainda mais importante

A Ficha com Dados de Segurança não é um papel de prateleira para cumprimento obrigatório, a FDS é um documento que transcreve, dentro de 16 seções, informações para identificação de perigo, uso seguro, recomendações de segurança após contato acidental e demais informações relevantes, como a incompatibilidade química.

Sua interpretação é tão relevante quanto o conhecimento das informações especificas dos produtos manipulados, especialmente porque:

 ✔ Cada substância possui perigos intrínsecos que não se alteram com o tempo ou o local

✔ Durante a manipulação de substâncias químicas, existem fatores como dose e individualidade do organismo que podem levar a efeitos tóxicos não esperados

✔ O desconhecimento pode comprometer a segurança de toda a operação

✔ As medidas protetivas devem ser especificas ao produto manipulado de modo a reduzir qualquer contato com a substância química

✔ Mesmo uma substância não perigosa pode apresentar riscos oriundos de sua queima ou outras reações não desejadas

✔ A NBR 14725 estabelece padrões para comunicação de perigo, armazenamento e respostas emergenciais, as quais são descritas na FDS (antiga FISPQ) e de modo mais breve, na rotulagem

✔ Acidentes graves com substâncias inflamáveis geralmente ocorrem durante atividades rotineiras, isto porque os líquidos inflamáveis liberam vapores que, havendo uma fonte de ignição próxima, é o suficiente para acontecer a inflamabilidade

Por que um curso de FDS faz diferença?

 Um curso de FDS baseado na NBR 14725 capacita trabalhadores e gestores a:

 • Compreender a classificação de perigo das substâncias

• Interpretar corretamente as informações disponíveis em cada seção da FDS

• Aplicar medidas preventivas adequadas

• Gerenciar riscos nas etapas de manuseio, transporte, carga/descarga e armazenamento

• Atuar de forma segura em emergências

• Reduzir drasticamente a probabilidade de acidentes

 No caso de substâncias inflamáveis como o tolueno, o entendimento sobre seus perigos, e a correta orientação pode ser o divisor entre uma operação segura e um acidente de grandes proporções.

 

Conhecimento salva vidas

No acidente em Araquari, não existe evidências de que a ausência de capacitação adequada foi apontada como causa direta, mas é um fator que aumenta riscos e dificulta respostas eficazes.
Assim, percebemos que treinamentos sobre FDS e manuseio seguro de produtos químicos não são apenas recomendados, mas essenciais.

Eles salvam vidas, evitam prejuízos e garantem que cada profissional esteja preparado para lidar com substâncias químicas de forma segura e consciente.

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