Turismo de chocolate

Turismo de chocolate

Ilhéus sedia esta semana o Festival de Chocolate mostrando novos produtos feitos diretamente do “Cacau da Mata Atlântica”, revelando oportunidades de investimentos para esta rica região da Bahia – momentaneamente combalida. Iniciativas como esta mostrama região cacaueira reagindo à prisão do modelo econômico estéril da commodity que, subjugando a sua economia, suga riquezas impondo vendas de cacau em saca, sem valores agregados, sem origem controlada e sem identidade. Com riquezas desviadas, a geração de empregos e impostos é prejudicada; aumentando a pobreza, a insegurança e a violência. O Festival de Chocolate, com fatos e dados, põe este modelo caduco em cheque, mostrando novos potenciais a serem explorados.

O documentário “Saga do Cacau”, exibido pela Rede Globo Bahia e produzido com apoio do WWI-Worldwatch Institute, foi filmado em países europeus, mostrando chocolateiros italianos e suíços importando cacau da Bahia e produzindo chocolate de alta qualidade. Se é possível fazer chocolate de alta qualidade na Europa com o cacau da Bahia, também é possível fazer o mesmo nas biodiversas “Fazendas de Chocolate” daqui, preparadas para receber turistas com banhos, cremes e produção personalizada de chocolate, permitindo-os levar de lembrança saborosos presentes cunhados com nomes escolhidos. Este é um exemplo de “Economia Verde”, foco da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável da ONU [Rio+20] que trará delegados do mundo, presidentes de corporações, investidores e toda a mídia internacional para o Brasil em junho de 2012.

A Mata Atlântica da Bahia – batizada no relatório do WWI como Floresta de Chocolate – único lugar do mundo onde o cacau é produzido em ambiente de alta biodiversidade, encantou empresários da Walt Disney Corporation que visitaram a área. Especializados na atração de fluxos de turistas, enfatizaram que charmosos lugares do mundo são especialmente responsáveis pelo lançamento de produtos e serviços para o mercado internacional. São Francisco, na Califórnia, é um deles. Interessados no chocolate, na biodiversidade, no clima, e no acolhimento do povo da Bahia, ficaram de voltar.

O cacau já está sendo degustado na Califórnia. Embalagens de amêndoas secas de cacau fino, in natura, vendido como “cocoa-granola”, vão direto para a mesa dos californianos. Divulgado nos supermercados, cada quilo de amêndoa de cacau in natura (como sai da barcaça) é vendido na Califórnia a 60 dólares, o que faz o valor da saca (60kg) de cacau fino, fermentado e secado de forma especial, pular para 3.600 dólares, cerca de 6.300 reais (na Bahia a saca de cacau comum, comoditizado, é vendida hoje por cerca 300 reais).

A Universidade da Califórnia [UC], com 400 mil estudantes, considerada uma das melhores instituições de ensino e pesquisa do mundo (inclusive agrícola), firmou no ano passado convênio de cooperação com o Estado da Bahia através da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia e enviou diretor à Salvador interessado nas parcerias entre as baías de Todos-os-Santos e a de São Francisco, e, obviamente, nos frutos da Floresta de Chocolate.

Gerando conhecimento para as 89 mil fazendas californianas, a UC, reconhecida mundialmente como referência em inovação e tecnologia é também especializada, dentre outras coisas, em agricultura, turismo e gastronomia, desdobrando-se para atender aos 40 milhões de habitantes do rico mercado californiano com PIB de 2 trilhões de dólares – e está à disposição da Bahia.

Chocolate é uma palavra mágica usada pelo circuito internacional do turismo. Segundo o UNWTO (World Tourism Organization), da ONU, a receita global do turismo ultrapassou 900 bilhões de dólares em 2010. Que fatia, a mais, deste total a Floresta de Chocolate da Bahia – única do mundo -,pode trazer para o estado e ajudar a gerar empregos? O turismo de chocolate que floresce na Bahia embute diferencial competitivo com força, sabor e charme inigualáveis para atrair atenções de qualquer pólo emissor de turismo do mundo.

Fonte: Eduardo Athayde, diretor da UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica e do WWI-Worldwatch Institute no Brasil www.wwiuma.org.br

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