A IARC (International Agency for Research on Cancer), agência da Organização Mundial de Saúde especializada em estudos de carcinogenicidade, anunciou em outubro de 2013 a classificação oficial da poluição do ar como carcinogênica para humanos (Grupo 1).
Além da suficiência das evidências de diversos estudos, o comitê especialista da IARC concluiu que o Material Particulado, separadamente, apresenta evidências suficientes quanto à carcinogenicidade, e foi classificado também como Grupo 1.
O comitê informou em nota oficial que além do efeito carcinogênico pulmonar, existe associação positiva entre a exposição à poluição do ar e o câncer de bexiga.
Sabe-se bem que muitos toxicantes de altíssima preocupação são classificados em Grupos mais atenues, tais quais o Grupo 2A (provavelmente carcinogênico para humanos) e o 2B (possivelmente carcinogênico para humanos). Agentes como Epicloridina (CAS 106-89-8), Dibenzo(a,h)antraceno (CAS 53-70-3) são classificados como Grupo 2A, e a Aflatoxina M1 (CAS 6795-23-9) classificada como Grupo 2B.
O peso de evidência de carcinogencidade da poluição do ar incluiu-a no mesmo grupo do Benzeno, Amianto, formaldeído, entre outros 113 agentes (Quadro abaixo).
Devido ao alto rigor na classificação quanto à carcinogenicidade, de notório reconhecimento e importância internacional, a classificação oficial da poluição do ar no grupo de maior preocupação é um marco na Toxicologia Ambiental, e demanda agora ações imediatas dos governos no contexto da saúde ambiental para a mitigação dos riscos.
Há grande preocupação quanto aos países em rápida industrialização e populosos, como o Brasil, onde há maior influência e interação de fatores de risco. Uma vez que diversos estudos já indicavam aumento de risco de diversas doenças (doenças respiratórias e cardiovasculares, e ainda, abortos e mortes prematuras), e agora, com conclusão definitiva quanto ao potencial carcinogênico, espera-se dos governos ações mais expressivas no âmbito da Toxicovigilância, com o devido monitoramento da qualidade do ar, e obviamente, tratamento dos dados com a devida avaliação e gerenciamento dos riscos em diferentes níveis.
FONTE:
IARC- International Agency for Research on Cancer. PRESS RELEASE N° 221: Outdoor air pollution a leading environmental cause of cancer deaths (2013). Disponível em:
<http://www.iarc.fr/en/media-centre/iarcnews/pdf/pr221_E.pdf>acesso em novembro de 2013.
IARC- International Agency for Research on Cancer. Agents Classified by the IARC Monographs, Volumes 1–109, 2013.
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