Por décadas a biologia da conservação se baseando no conceito de população viável mínima – menor tamanho de população isolada com alta probabilidade (>90%) de persistir nos próximos 100 anos – tem evitado a aplicação de recursos em populações muito pequenas e fragmentadas já que os fundos disponíveis para a Conservação são limitados. Os estudos de viabilidade populacional permitem fazer uma triagem entre as espécies mais ameaçadas de extinção, de modo a que se invistam todos os esforços naquelas que têm maior probabilidade de sobreviver atingindo a dimensão padrão da população mínima viável.
Os numero mágicos que norteiam esta decisão são:
- Populações com até 50 indivíduos apresentam risco de perda de variabilidade genética por endogamia em uma taxa equivalente a 2 ou 3 % por geração;
- Para vertebrados, em populações com 500 indivíduos o acréscimo de variabilidade genética por mutação compensa a perda por deriva genética (perda estocástica de gens);
- Populações com 1000 a 5000 indivíduos, dependendo da espécie, são consideradas como as menores populações sustentáveis.
Um estudo com a tartaruga norte-americana da espécie Glyptemys muhlenbergii – que está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como criticamente ameaçada – descobriu que apenas 15 fêmeas reprodutoras são suficientes para que uma população dessa espécie sobreviva pelos próximos 100 anos. O estudo foi publicado este mês no periódico Conservation Biology. Neste estudo, Shoemaker e colegas rastrearam diversas populações das tartarugas – que podem viver por até 70 anos e que se reproduzem quase anualmente durante a idade adulta – em pântanos de Nova York entre 2001 e 2010. Os pesquisadores descobriram que, em média, as tartarugas fêmeas geraram cerca de um filhote por ano, e esses filhotes tinham uma chance de 33 por cento de sobreviver ao primeiro ano de vida. Usando essas taxas de reprodução e sobrevivência, os pesquisadores então estimaram como se sairiam diferentes populações com números diversos de tartarugas. Eles descobriram que uma população com cerca de 40 espécimes, com apenas 15 fêmeas reprodutoras, tinha uma probabilidade de 90 por cento de persistir por 100 anos.
A descoberta sugere que algumas espécies, que pareciam estar irreversivelmente a caminho da extinção, podem estar realmente seguras por várias gerações. Os pesquisadores, entretanto não levaram em conta as complicações da endogamia, que pode reduzir substancialmente a viabilidade de uma população pequena. E sugerem que uma população mínima viável genérica deve ser descartada. Entretanto, vários biólogos conservacionistas continuam acreditando que os números mágicos sobre população mínima viável são úteis para simplificar decisões complexas de gestão de conservação.
REFERÊNCIA
Shoemaker, K. T., Breisch, A. R., Jaycox, J. W. & Gibbs, J. P. Cons. Bio.http://dx.doi.org/10.1111/cobi.12028 (2013)
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