Com a finalidade de proteger suas populações, agências e governos de muitos países revisam as listas de substâncias químicas com toxicidade evidenciada. Sabe-se que um incidente químico pode surgir a partir de uma série de desacertos (humanos, tecnológicos, organizacionais, etc.), mas também a partir de falhas legais e regulatórias.
A Organização Mundial de Saúde tem se preocupado com dados da epidemiologia dos incidentes químicos, já que estes apontam que países com economia em transição têm tido célere desenvolvimento na produção química e atraso nas políticas de segurança química.
O serviço de avaliação de risco da Agência de Proteção Ambiental da Califórnia (California Environmental Protection Agency- CALEPA), EUA, incluiu, no último dia 7, o 4-metilimidazol, CAS No. 822-36-6, na lista de substâncias que conhecidamente causam câncer, tendo como critério informações do NTP (National Toxicology Program).
O 4-metilimidazol é utilizado em vários processos, como na fabricação de tintas, borracha, pigmentos, produtos químicos agrícolas, produtos de limpeza e produtos farmacêuticos. Os estudos do NTP vêm sendo realizados há alguns anos, e, em 2004, foram observados resultados negativos em ensaios de mutação com Salmonella typhimurium (teste de Ames), com várias cepas (TA97, TA98, TA100, e TA1535), e em testes de micronúcleo com ratos F344/N e camundongos B6C3F1, com duração da exposição de até 14 semanas.
Em 2007, o NTP divulgou resultados de outro bioensaio de maior duração (2 anos), e encontrou clara evidência de atividade carcinogênica em machos e fêmeas de camundongos B6C3F1. Em ratos, os resultados foram ambíguos.
Nos Estados Unidos, as revisões das listas são baseadas na lei “Safe Drinking Water and Toxic Enforcement Act of 1986”, que exige dos governos as revisões da lista de produtos químicos conhecidos pelo estado como capazes de causar câncer ou toxicidade para a reprodução, já que a mesma lei também veta a liberação de tais substâncias, em qualquer sítio em que possam alcançar fonte de água potável. A agência já está propondo divulgar limites de segurança, nesse caso, estabelecendo o Nível de Risco não Significante (No Significant Risk Level – NSRL) para o composto químico.
Dados obtidos de ensaios de avaliação da toxicidade e estudos epidemiológicos, após análise mais detalhada, podem constituir evidências suficientes para apontar a toxicidade de substâncias anteriormente avaliadas como inócuas. A constante atualização será, certamente, o melhor caminho a ser seguido por empresas, agências e governo.
Fontes:
CALEPA – CALIFORNIA ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Chemical Listed Effective January 7, 2011 as Known to the State of California to Cause Cancer: 4-methylimidazole. Disponível em: <http://oehha.ca.gov/prop65/prop65_list/010711list.html> Acesso em: 19 de jan. de 2011.
NTP – National Toxicology Program. Toxicology and Carcinogenesis Studies of 4-Methylimidazole (CAS No. 822-36-6) in F344/N Rats and B6C3F1 Mice (Feed Studies). Disponível em: <http://ntp.niehs.nih.gov/index.cfm?objectid=9B956B07-F1F6-975E-79BBCDCCD57001C8> Acesso em: 19 de jan. de 2011.
NTP – National Toxicology Program. TOX-67. NTP Report on the Toxicity Studies of 2- and 4-Methylimidazole (CAS No. 693-98-1 and 822-36-6) Administered in Feed to F344/N Rats and B6C3F1 Mice. Disponível em: <http://ntp.niehs.nih.gov/?objectid=072DDEA5-F936-3414-01C09C79E8FCAA85> Acesso em: 19 de jan. de 2011.
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