Em matérias divulgadas na imprensa brasileira, dá-se ênfase ao fato de que “o ar das zonas metropolitanas do Rio de Janeiro é mais poluído que aquele da região metropolitana de São Paulo”, tendo como base uma avaliação não muito aprofundada de dados de relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A Comunicação de Riscos é um processo sistemático que exige, além do conhecimento técnico, profunda habilidade na elaboração das mensagens, tendo em vista os instrumentos de comunicação, os objetivos, a percepção e características do público-alvo, entre outros; com enfoque que não provoque ruídos na comunicação ou objetivos das agências de saúde em situações específicas.
Cabe ressaltar que o relatório recentemente publicado pela OMS cobre apenas um dos clássicos agentes da poluição do ar (nesse caso Material Particulado – MP), havendo ainda um conjunto de outros agentes químicos cujas concentrações devem ser consideradas ao se avaliar criticamente ou comparativamente a qualidade do ar (hidrocarbonetos/Compostos Orgânicos Voláteis (VOC), dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono, ozônio, entre outros) de diferentes cidades ou regiões; e assim, mediante a consideração de outras variáveis envolvidas, obter-se estimativas do risco (considerando múltiplas exposições).
A OMS divulgou recentemente dados sobre poluição por MP em aproximadamente 1100 cidades de 91 países, incluindo capitais e cidades com número de habitantes >100.000. São apresentadas médias anuais de Material Particulado fino (MP10 e MP2,5), partículas com menos de 10 e 2,5 µm (micrometros). Estima-se que 2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a inalação de partículas finas em ambientes internos e externos.
O relatório da OMS (acesse aqui o arquivo original http://www.who.int/entity/phe/health_topics/outdoorair/databases/OAP_database_8_2011.xls) foi formulado a partir de dados obtidos de relatórios de agências de monitoramento de cada estado/país, no caso do Brasil:
- Relatório de qualidade do ar da CETESB (SP) de 2009; http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/qualidade-do-ar/31-publicacoes-e-relatorios
- Relatório de qualidade do ar da Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEAM (MG) de 2009; http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Monitoramento/relatorio_qualidade_ar_2009_23-03-11.pdf
- Relatório de qualidade do ar do Instituto Ambiental do Paraná – IAP (PR) de 2009; http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/programas_e_projetos/relatorios/Relatorio_da_Qualidade_do_Ar_na_RMC_2009.pdf
- Relatório de qualidade do ar Instituto Estadual de Meio Ambiente (RJ) http://www.inea.rj.gov.br/downloads/relatorios/qualidade_ar_2009.pdf
A poluição do ar é uma das atuais preocupações mundiais, objeto de estudo da Toxicologia Ambiental e Saúde Pública, sendo publicados capítulos de livros e até mesmo livros inteiros sobre a matéria. Existem subsetores específicos da temática da poluição do ar nas organizações United States Environmental Protection Agency, Health Canada e Organização Mundial de Saúde. Outros temas como contaminação de solo, água, alimentos e riscos do uso de produtos de autocuidado, além dos impactos do aquecimento global; passam a ser foco de discussões para a definição de políticas de mitigação dos riscos ambientais e à saúde humana, dependentes de profundo conhecimento toxicológico.