Novas ferramentas financeiras, novas abordagens de mercado e bons gestores podem possibilitar que o capitalismo ajude a conservar e proteger nossas belezas naturais.
Os mais radicais adoram criticar o sistema capitalista quando se refere aos problemas ambientais – derramamento de petróleo, geração de lixo, produtos de baixa qualidade, falta de compromisso com os resíduos, falta de controle de emissões etc.
É fato que todas essas críticas, e tantas outras, não são infundadas – o sistema de mercado atual pressiona grande parte da sociedade civil a consumir muito mais do que precisa, a produzir mais lixo e a ter menos comprometimento com a vida saudável e sustentável. Mas esse problema, segundo algumas notícias e a reunião de Davos, não é do sistema – e sim de peças deste sistema, ou seja, de algumas empresas.
Sobre Davos, apesar de não ser deliberativo – ou seja, não tem intenção de países e empresas a se comprometerem a nada – este com certeza, é um bom sinal para as demais conferências e encontros do resto do ano pois este demonstrou que os grandes líderes mundiais estão com discursos alinhados ao que se refere à economia de baixo impacto ambiental (termo este a ser o substituto ao jargão “economia de baixo carbono”).
Neste contexto, vale citar algumas iniciativas estritamente capitalistas que visam condicionar a sociedade a ter melhores hábitos de consumo, incentivar ações socioambientais sérias etc., sem complexidade técnica e/ou de logística.
O governo da Coréia do Sul ajudou empresas de crédito nacionais a lançar o “chip verde” que beneficia os compradores de produtos mais eficientes e sustentáveis. Com um banco de dados nacional de produtos testados e considerados “verdes” – similar aos testes executados pelo Inmetro – os compradores ganham créditos que podem ser trocados por dinheiro ou abatidos de encargos. É como se fosse uma “nota fiscal paulista verde”!
Segundo o governo sul-coreano, isto ajudará e muito ao país atingir a meta de redução de 30% em 2020.
Outra iniciativa interessante é a “milhagem ecológica”. Também na Coréia do Sul, os usuários que economizam água e energia acumulam pontos – os quais podem ser trocados por produtos sustentáveis cadastrados, como carros híbridos e eletrodomésticos certificados.
Em outro nível, pensando em algo maior e consequentemente mais complexo, a Dow Chemical divulgou um investimento de US$ 10 milhões para avaliar, quantificar e valorar os serviços ambientais nos produtos da empresa.
Em um acordo de 5 anos com a The Nature Conservancy, a Dow irá elaborar um estudo inédito e muito importante para entender quanto vale o meio ambiente em seu negócio.
Isto, pensando em médio-prazo, proporcionará não somente à Dow Chemical, mas a todas as empresas do setor farmacêutico, entender todo o ciclo de vida de seus produtos – e, consequentemente, melhor precificá-los.
Alguns dizem que estes tipos de estudo aumentarão o preço de serviços e produtos, pois as tais externalidades serão internalizadas.
Outros acreditam que essas avaliações permitirão sabermos, realmente, quanto um produto vale – mas o seu preço será estável por causa da concorrência. Ainda, os consumidores terão papel crucial neste processo. Evoluindo em paralelo, a rotulagem ambiental permitirá que uma dona-de-casa saiba o quanto está pagando e porque está pagando por esse produto – e, assim, terá mais ferramentas para decidir por um produto “mais caro” ou “mais barato”.
Assim, com a evolução de ferramentas financeiras, o alinhamento dos líderes de governo e de empresas com discursos pró conservacionista, e medidas (ainda) locais e independente, o capitalismo se mostra disposto a ajudar na proteção, conservação e restauração do meio ambiente.
Fontes:
http://www.nature.org/wherewework/southamerica/brasil/
{loadmodule mod_convertforms,InterNews}