Metais pesados – uma potencial ameaça ubíqua e perene

12 anos atrás

Escrito por Fausto Azevedo | 04 Agosto 2010

Um conjunto de elementos químicos da Tabela Periódica recebe a designação comum de metais pesados. Os químicos têm lá suas explicações para esse nome e para o porquê de serem todos eles caracterizados como metais. A nós o que importa é a visão toxicológica (muito embora essa não viva sem a química patrona) que se aplica a tais elementos. Para a toxicologia a expressão metais pesado é sempre sinal de alerta e de preocupação.

Desde tempos imemoriais que a humanidade conhece a nocividade de vários desses metais. A história da Toxicologia se confunde, em muitos aspectos, com a história humana da exploração e do uso de tais metais. As intoxicações profissionais e ambientais por chumbo, as intoxicações intencionais (criminosas) por arsênio, as intoxicações medicamentosas por mercúrio, dentre outras, sustentam esse fato.

Com o contínuo avanço da expansão econômica das civilizações, os metais encontraram um sem número de aplicações técnicas e industriais. A miríade desses usos acentuou a disseminação de resíduos e não-resíduos de metais em todos os ambientes planetários, daí sua ubiquidade. E por serem definitivamente estáveis do ponto de vista química, ainda que possam intercambiar de forma entre uma série de produtos inorgânicos e orgânicos, ganham a dimensão da perenidade nos compartimentos ambientais que atingem. Se estão largamente presentes nos solos, águas e ar planetários e se possuem toxicidade, até elevada, conforme cada caso, são, então, objeto da toxicologia com sua indefectível avaliação de toxicidade (ou seja, do risco toxicológico que eles podem apresentar quando em situações reais de exposição). A literatura especializada que enfoca a toxicidade dos metais pesados é bastante extensa. Torcendo a brasa para nossa sardinha, por óbvio, indicamos a obra AZEVEDO, F. A.; CHASIN, A. Metais: Gerenciamento da Toxicidade. Ed. Atheneu, Rio de Janeiro, 2003. 554 p., que há não tanto tempo tivemos a oportunidade de coordenar (ver no Portal da Intertox.
Mas esse assunto, por sua própria natureza, como acima manifestamos, é recorrente na pesquisa científica e na imprensa. Assim, no dia 29 desse mês foi divulgado no Portal Ambientebrasil, sob assinatura de Danielle Jordan, texto intitulado Pesquisa avalia presença de metais pesados no entorno de floresta urbana em Campinas (SP)
Diz a matéria:
“Um estudo realizado no Instituto de Geociências, da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, apontou a presença de fosfato e metais pesados na área externa da Mata Santa Genebra, na divisa com o plantio de cana-de-açúcar, em Campinas (SP).
A dissertação de mestrado ‘Geoquímica de solo, água e Ttypha dominguensis Pers em um fragmento de floresta higrófila na Mata de Santa Genebra – Campinas/SP’, de autoria da bióloga, Tehra Gomes Mendonça, destacou a concentração excessiva de bário, cobre e vanádio no solo.
‘No início, esperávamos encontrar valores mais elevados para os elementos investigados, uma vez que a região sofre com o avanço do cultivo de cana e da urbanização desordenada no entorno. Ou seja, era de se esperar uma área bem mais degradada’, afirmou a pesquisadora. ‘Mas, ao contrário, observamos que os valores que encontramos estão dentro do esperado para solos da mesma classificação quando comparados a outros estudos realizados na região’, completou.
A pesquisa revelou, ainda, que a espécie Typha dominguensis Pers., também chamada de taboa, foi encontra com abundância nos fragmentos de mata de brejo, na região. A planta foi utilizada como bioindicadora nas pesquisas. “Como existem outros estudos utilizando a Typha em processos de fitorremediação, procurei averiguar o potencial da espécie para identificar metais no solo e água, possivelmente provenientes do cultivo de cana-de-açúcar”, explicou a bióloga. A planta apresentou potencial de acumular, mesmo em baixas concentrações, elementos como o vanádio.
Para as análises, foram realizadas coletas em fragmentos de floresta higrófila, conhecida também como mata de brejo. O solo, no local, é parcialmente ou permanentemente alagado.”

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