Apreensão de 75 toneladas de acetato de etila acende alerta para controle de insumos químicos

A recente operação da Polícia Federal do Brasil, em parceria com a Receita Federal do Brasil, resultou na apreensão de 75 toneladas de acetato de etila em Corumbá, região de fronteira com a Bolívia.
O volume expressivo chamou atenção não apenas pela dimensão da carga, mas também pelo potencial de desvio desse insumo para a produção de cocaína.

Essa apreensão reforça a importância do monitoramento rigoroso de substâncias químicas com potencial uso ilícito e especialmente solventes orgânicos que circulam em grandes quantidades no mercado formal.

O que é o acetato de etila?

O acetato de etila é um solvente orgânico volátil, amplamente utilizado em setores como:

  • tintas e revestimentos,
  • adesivos,
  • tintas gráficas,
  • farmacêutico,
  • processos de extração e purificação.

Ele se destaca pela rápida evaporação, boa solubilidade e eficiência operacional, o que o torna um dos solventes mais usados pela indústria.

Mas essas mesmas propriedades tornam o produto atrativo para processos ilícitos, especialmente no refino da cocaína, onde ele funciona como solvente de extração e purificação.

Riscos e perigos associados ao acetato de etila

Mesmo sendo um insumo industrial comum, o acetato de etila exige cuidados específicos devido às suas características físico-químicas.

Perigos físicos

  • Líquido altamente inflamável.
  • Vapores formam misturas explosivas com o ar.
  • Risco maior em locais com fontes de ignição e ventilação inadequada.

Perigos à saúde

  • Pode provocar irritação ocular, respiratória e cutânea.
  • Concentrações elevadas causam tontura, dor de cabeça e sonolência.
  • Exposição intensa pode afetar o sistema nervoso central.

Impactos ambientais

  • Volatiliza rapidamente, contribuindo para emissões atmosféricas.
  • Derramamentos sem contenção podem contaminar solo e água.

Esses riscos explicam por que seu transporte, armazenamento e manuseio precisam seguir práticas rigorosas de segurança e documentação adequada.

Por que o narcotráfico utiliza esse insumo?

O acetato de etila integra etapas do refino da cocaína devido a fatores como:

  • alta volatilidade, que facilita separação e secagem,
  • forte capacidade de solubilização de compostos orgânicos,
  • disponibilidade comercial em grandes quantidades, o que pode camuflar desvios,
  • baixo custo, quando comparado a outros solventes.

Por isso, operações que interceptam cargas suspeitas impedem que toneladas de insumo sigam para laboratórios clandestinos.

O que essa apreensão representa para o setor químico?

O caso de Corumbá reforça pontos essenciais para as empresas que operam com solventes:

  • manter rastreabilidade completa das movimentações,
  • garantir FDS/SDS atualizadas,
  • registrar com precisão estoques, vendas e transporte,
  • adotar políticas de prevenção de desvio em regiões sensíveis,
  • reportar imediatamente perdas, volumes irregulares ou movimentações incomuns.

Quando indústria e fiscalização atuam de forma integrada, o mercado reduz riscos e evita que produtos legítimos alimentem a cadeia do narcotráfico.

A apreensão das 75 toneladas de acetato de etila mostra o peso que o controle de insumos químicos exerce no combate ao crime organizado.
Além de impedir o uso ilícito da substância, a operação evidencia a necessidade de boas práticas de conformidade, segurança e rastreabilidade em toda a cadeia.

Fortalecer esses mecanismos protege o setor químico, reduz vulnerabilidades e reforça o compromisso com um mercado mais seguro e íntegro.

A notícia original está disponível aqui.

Apreensão de 75 toneladas de acetato de etila acende alerta para controle de insumos químicos