Toxicologia Ambiental: Dados preocupantes sobre a poluição do ar no mundo

11 anos atrás

Os indicadores de qualidade do ar no mundo são preocupantes. Na última semana, foi publicada matéria sobre poluição do ar em Teerã, no Irã, e o alto número de óbitos consequentes notificado pelas agências locais de saúde.

No último domingo, 13, mais uma vez são divulgados dados da poluição do ar, desta vez referentes a Pequim, na China, e, que segundo matéria do New York Times, com níveis de mais de 600 µm/m3 de material particulado (MP). Sob o ponto de vista do risco toxicológico, tais níveis são de magnitude aproximadamente 24 e 12 vezes maior que os limites considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde para PM2,5 (partículas com tamanho de 2,5µm) e PM10 (partículas com tamanho de 10µm), respectivamente, em relação aos limites de 25 e 50 µm/m3 para a média diária.

Estima-se que 2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido à inalação de partículas finas em ambientes fechados e externos. Apesar dos limites estabelecidos (Padrões primários de Qualidade do Ar – objetivando a salvaguarda da saúde pública), existem muitas incertezas envolvidas, especialmente quanto: (i) à exposição ambiental múltipla a outros agentes químicos, e (ii) à composição do material particulado, que a depender das fontes e interação entre poluentes, pode conter aderidos às partículas agentes radioativos ou carcinogênicos.

A dinâmica de transporte de poluentes atmosféricos é complexa, e sabe-se que os poluentes podem ser levados a longas distâncias, dependendo da intercorrelação de variáveis do agente (características físico-químicas, tamanho e densidade de partículas, etc.), meteorológicas (velocidade dos ventos, fatores de distúrbio e turbulência no ar, gradiente térmico, etc.), da fonte (altura, intensidade, etc.) e topográficas (posição e altura de edifícios e montanhas, entre outros).

Tais variáveis são consideradas em estudos e modelagens de dispersão e de transporte de poluentes entre países e continentes, sendo que o resultado destes estudos é frequentemente motivo de impasses políticos e econômicos entre os países envolvidos, dando também um caráter de preocupação global ao atual volume da poluição atmosférica e a ausência de perspectivas significativas de redução das emissões no mundo.

A poluição química ambiental (ar, águas, solos) é explicitada mundialmente por meio da iniciativa do PRTR, no Brasil RETP, e sua importância de há muito já extrapolou o rincão da Toxicologia e da Saúde Pública e por meio desses mapas de poluição chega mesmo a interferir fortemente no mercado imobiliário de regiões e cidades.

A poluição do ar é objeto de profundo estudo no mundo, sendo publicados capítulos de livros e até mesmo livros inteiros sobre a matéria. Existem subsetores específicos da temática da poluição do ar nas organizações United States Environmental Protection Agency, Health Canada e Organização Mundial de Saúde. Outros temas como contaminação de solo, água, alimentos e riscos do uso de produtos de autocuidado, além dos impactos do aquecimento global; passam a ser foco de discussões para a definição de políticas de mitigação dos riscos ambientais e à saúde humana, dependentes de profundo conhecimento toxicológico.

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