Utilização de aparelhos celulares e possível risco de câncer

Utilização de aparelhos celulares e possível risco de câncer

A International Agency of Research on Cancer  – IARC faz parte da World Health Organization – WHO, e tem como missão coordenar e conduzir pesquisas sobre as causas de câncer  em humanos, os mecanismos de carcinogênese, e desenvolvimento de estratégias científicas para o controle do câncer. A Agência está envolvida na investigação epidemiológica e laboratorial e divulga

informação científica através de publicações, reuniões, cursos entre outras.

Em 31 de maio de 2011 – a IARC classificou os campos eletromagnéticos de radiofrequência como possivelmente carcinogênicos para os humanos (Grupo 2B – ver tabela), devido ao aumento de glioma, tipo maligno de câncer cerebral associado ao uso de telefones celulares.

Assim como aparelhos de surdez, a comunicação por aparelhos celulares é realizada por transmissão de ondas de rádio através de uma rede de antenas. Os telefones operam em frequências entre 450 e 2,7 mil megahertz, com picos que variam entre 0,1 e 2 watts de potência.

Ao longo dos últimos anos, houve um aumento na preocupação sobre os possíveis efeitos adversos à saúde causados pela exposição aos campos eletromagnéticos de radiofreqüência, como as emitidas pelos aparelhos telefônicos sem fio. Até 2010 a WHO considerava não haver evidências para associar a utilização de aparelhos celulares com o risco de desenvolvimento de câncer mesmo se protegidos com capinhas. A agência também informou que estavam sendo analisados estudos para verificar o potencial efeito adverso da utilização de celulares, uma vez que são mais de 5 bilhões de usuários, sendo no Brasil, 94 milhões.

A IARC reuniu um grupo de 31 cientistas de 14 países para avaliar os possíveis efeitos carcinogênicos da exposição aos campos eletromagnéticos de radiofreqüência. O trabalho completo será publicado em uma monografia do IARC, volume 102.

Este grupo de trabalho discutiu sobre a possibilidade da exposição às ondas eletromagnéticas, induzirem efeitos deletérios à saúde humana a longo prazo, em particular o desenvolvimento de câncer. O estudo é de extrema importância para a saúde pública, uma vez que tem aumentado o número de usuários de telefones móveis, particularmente as crianças e adolescentes.

Os especialistas da IARC avaliaram os estudos disponíveis na literatura sobre os tipos de exposição aos campos eletromagnéticos de radiofreqüência, que incluem:

– a exposição ocupacional a radar e microondas;

– riscos ambientais associados à transmissão de sinais de rádio, televisão e telecomunicações sem fio;

– exposição pessoal associado à utilização de aparelhos celulares;

Os especialistas tiveram a complexa tarefa de analisar os dados de exposição, os estudos de câncer em humanos e em animais de experimentação, e outros estudos pertinentes.

Os estudos foram criticamente analisados e para os usuários de telefones celulares foram limitados e inadequados no que se refere o desenvolvimento de glioma e neuroma acústico, e não permitiram conclusões para outros tipos de cânceres.

Os estudos sobre a exposição ocupacional e ambiental foi julgado inadequado. O grupo de trabalho não conseguiu quantificar o risco, porém um estudo sobre o uso de telefone celular realizado até o ano de 2004 demonstrou um aumento de 40% do risco de gliomas na categoria mais elevada de usuários pesados, que são os que utilizam o aparelho em média 30 minutos por dia durante um período de 10 anos.

As conclusões indicaram que as provas continuam se acumulando, e é forte o suficiente para sustentar a conclusão para a classificação no grupo 2B. Isso significa que pode haver algum risco e, portanto é necessário um acompanhamento sobre a utilização de celulares e risco de câncer.

Dadas as consequencias potenciais para a saúde pública da classificação e os resultados, é importante que pesquisas adicionais sejam realizadas a longo prazo sobre a utilização de telefones celulares. Ainda existe pendências da disponibilidade de tais informações, por tanto é importante tomar medidas pragmáticas para reduzir a exposição, tais como manter o celular longe do corpo (como a utilização de fones e viva-voz), limitar o número e a duração das chamadas e usar o telefone em áreas com boa recepção, o que permite que o aparelho funcione com menor potência.

Classificação

Grupo

Carcinogênico para humanos (significa que há provas e estudos suficientes para classificação)

1

Provável carcinogênico para humanos (há provas limitadas do potencial cancerígeno em humanos e provas suficientes em animais)

2A

Possivelmente carcinogênico para humanos (há provas limitadas em humanos e poucas em animais)

2B

Não classificado quanto a sua carcinogenicidade em humanos (As evidências são muito fracas em humanos e limitadas em experimentos animais, exigindo-se mais pesquisas)

3

Provavelmente não carcinogênico para humanos (Há provas consistentes de que o agente não é carcinogênico)

4

Fonte: IARC, 2011.

Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/923761-industria-diz-que-e-facil-reduzir-exposicao-a-ondas-do-telefone.shtml

http://www.iarc.fr/

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