InterTox ministra palestra sobre Guerra Química na 41ª Semana da Química – UNESP

12 anos atrás

 

No período de 17 a 21 de outubro ocorreu a 41ª Semana da Química no Instituto de Química da UNESP, campus Araraquara, com o tema o “Conhecimento Pela Prática”.

Um dos mini-cursos do evento foi Guerra Química, realizado nos dias 18,19 e 20, com palestras ministradas pelo Prof. Sérgio Scafi (2º Tenente da Escola Preparatória de Cadetes do Exército), abordando a contextualização do Ensino de Química em uma Escola Militar, Química aplicada a artefatos Militares, Armas Químicas de Guerra e Explosivos, e pela Profª. Camilla Colasso (Analista de Gerenciamento de Risco Toxicológico e Segurança Química – InterTox), enfocando os conceitos em toxicologia, histórico da utilização de substâncias químicas em guerras e os aspectos toxicológicos dos agentes químicos de guerra.

Os agentes químicos de guerra são definidos como qualquer substância química cujas propriedades tóxicas são utilizadas com a finalidade de matar, ferir ou incapacitar algum inimigo na guerra ou associado a operações militares.  Estas substâncias têm sido utilizadas nas guerras desde tempos remotos, por exemplo, em 600 a.C. os atenienses envenenavam as águas de um rio com raiz de Heléboro, os inimigos consumiam a água e apresentavam intensa diarréia. Mas foi a partir da Primeira Guerra Mundial que estas armas ganharam a conotação de armas de destruição em massa, pois foram amplamente utilizadas com a finalidade de provocar injúrias e/ou mortes.

Na Segunda Guerra Mundial algumas substâncias foram empregadas pelos alemães nas câmaras de gás com a finalidade de exterminar civis e militares. Na Guerra do Vietnã empregou-se o desfolhante conhecido como Agente Laranja, que devastou a floresta vietnamita, além do emprego do Napalm – uma mistura de ácido naftênico e ácido palmítico com característica incendiária, diversas foram as vítimas deste agente. Na Guerra Irã-Iraque foi amplamente empregado o agente mostarda e os agentes neurotóxicos, provocando mais de 45.000 vítimas.

Em 1994 ocorreram ataques com gás sarin no metrô de Tóquio, e em 2002 uma substância conhecida como fentanil foi empregada pelas forças russas para libertar reféns, o que provocou a morte de mais de 100 pessoas.

Diversos países possuem arsenal de agentes químicos, a despeito do esforço legislativo do mundo para seu banimento, sob a Convenção de Armas Químicas, que entrou em vigor no ano de 1997.  No entanto, a fabricação desses agentes não pode ser totalmente proibida, pois alguns têm potencial uso industrial. Além disso, apesar de medidas de correção tomadas até o momento e a condenação de sua utilização no mundo, há uma grande facilidade na sua fabricação.

Os agentes químicos de guerra são classificados de acordo com o mecanismo de ação tóxica nos seres humanos, como (i) os agentes neurotóxicos (ex. sarin, tabun, agente VX), (ii) agentes vesicantes e levisita (ex. gás mostarda, fosgênio oxima) (iii) agentes sanguíneos (ex. cloreto de cianogênio, cianeto de hidrogênio), (iv) agentes sufocantes (ex. fosgênio, cloro)  e (v) toxinas (ex. ricina, saxitoxina).

Estes compostos podem provocar a morte das pessoas expostas e também injúrias, tanto físicas quanto psíquicas. Uma substância química recentemente utilizada foi o fósforo branco, empregado na ofensiva israelense a faixa de Gaza, em janeiro de 2009, contra civis, mesmo sendo proibido esse seu emprego. O agente é tóxico através da inalação e provoca queimaduras profundas em contato com a pele. Este fato demonstra que a pesquisa de cunho toxicológico pela busca de novos agentes químicos de guerra prossegue e tende a se avolumar.

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