Bisfenol-A (BPA), composto usado em mamadeiras e embalagens retornáveis, é proibido por causar problemas de fertilidade.

12 anos atrás

Um estudo divulgado em outubro de 2010, na revista Fertility and Sterility acusou que o Bisfenol-A aumenta o risco de disfunção sexual em homens, além de reduzir a qualidade e concentração do sêmen.  O composto químico também chamando de BPA é usado para diluir resina de poliéster a fim de torná-la mais liquida para laminação,

já que é usado em recipientes de alimentos e bebidas, mamadeiras garrafas retornáveis. O epidemiologista, De-Kun Li do consórcio privado americano de cuidados médicos, realizou o estudo durante 5 anos com 514 operários de uma fabrica na China, e a partir deste foi constatado que aqueles que possuíam concentrações de BPA mais altas na urina apresentam um risco três vezes maior de produzir sêmen de má qualidade.

Depois desse estudo, os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco (EUA) resolveram avaliar os níveis de Bisfenol-A e as taxas de fertilização em 26 mulheres que estavam passando por tratamento de fertilização in vitro, e mais uma vez foram constados problemas na fertilidade, já que a quantidade de óvulos que conseguiam ser fertilizados caiu pela metade em mulheres que possuíam o dobro da concentração do composto no sangue em relação às outras amostras.
Michael Bloom, um dos autores do estudo, disse que mesmo quando os efeitos na reprodução são baixos já remetem a um cenário preocupante.  Pesquisas anteriores realizadas com camundongos de ambos os sexos já haviam indicado efeitos negativos em órgãos reprodutores, sendo assim, mais pesquisas em humanos são necessárias.
Cientistas acreditam que o BPA também está relacionado a distúrbios cardíacos, obesidade e hiperatividade, e alertam para os riscos à saúde de grávidas e crianças pequenas. O composto pode prejudicar as funções endócrinas, além de, alterar o funcionamento do hormônio feminino estrogênio.

Não se sabe ao certo até que ponto a substância consegue migrar do plástico para o alimento e se, nas quantidades permitidas pela legislação, ela é prejudicial à saúde, porém especialistas concordam que a gestação e os primeiros dois anos de vida são os períodos de maior vulnerabilidade, pois os bebês estão em rápido desenvolvimento, têm pouca massa e maior dificuldade para metabolizar agentes tóxicos.

Em outubro desse ano, o Canadá enquadrou o BPA na categoria de substância tóxicas, porém os maiores fabricantes americanos de mamadeiras já haviam decidido suspender as vendas de produtos contendo o composto desde março de 2009. Em conseqüência dos fatos, a União Européia optou por proibir o uso de Bisfenol-A em mamadeiras a partir de março de 2012, e a partir de junho do mesmo ano a proibição passa a valer também na Dinamarca, Costa Rica e alguns Estados americanos. Ressalte-se que na maioria dos casos a proibição é valida para mamadeiras e produtos infantis.

E a situação do Brasil, qual é?

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo instaurou inquérito civil público para apurar os efeitos nocivos à saúde causados pelo composto. O MPF também pretende averiguar a regulamentação de seu uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, e o mais importa é que um projeto de lei que proíbe a venda de mamadeiras e chupetas com BPA tramita em fase avançada no Congresso, e entidades de saúde se mobilizam para alertar a população sobre os potenciais riscos do composto químico.

Segundo Marcelo Kós, diretor de assuntos industriais e regulatórios da ABIQUIM, entidade que representa a indústria química no Brasil, se houver comprovação científica do risco do BPA, a substância será substituída voluntariamente pela indústria. “Por enquanto o debate está muito emocional”, opina. Alguns fabricantes de mamadeiras já começam a substituir o material. Claudio Paiva, diretor comercial da fabricante Kuka, conta que metade das mamadeiras que a empresa coloca no mercado é de polipropileno, resina que não contém moléculas do BPA, “Estamos observando uma tendência forte de questionamento do material.”

Pelo menos em âmbito de Brasil, o grande problema que assombra os consumidores, principalmente aqueles que têm filhos pequenos, é a falta de informação sobre a presença ou não de BPA nos produtos. O procurador regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, Jefferson Dias, afirmou que vai pedir a abertura de uma ação civil pública para obrigar ANVISA a editar norma determinando que as empresas informem a presença do BPA em seus produtos.

Fontes:
http://intertox.com.br/index.php/br/component/content/article/95-toxicologia-em-manchete/371-toxicologiamanchete
http://www.fertstert.org/article/S0015-0282(10)02587-2/abstract

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